Foto: Dave Haygarth / Flickr
Na semana passada a Organização Mundial da Saúde divulgou um comunicado que trazia um dado alarmante: os casos de sarampo no mundo cresceram 300% no primeiro trimestre de 2019, comparado ao mesmo período de 2018.
Na mesma semana, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos revelou que a epidemia de sarampo por lá está acelerando e já é a segunda pior do país em 25 anos.
No Brasil também estamos vivendo um retrocesso. Em março foi anunciado que o país provavelmente perderia seu certificado de país livre de sarampo, emitido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Em 2017 a organização havia declarado a região das Américas como zona livre de sarampo. Mas, desde o início de 2018 até 8 de janeiro de 2019, o Brasil registrou 10.274 casos confirmados da doença.
Segundo o Ministério da Saúde, dos 5.570 municípios brasileiros, 2.751 (49%) não atingiram a meta de cobertura vacinal em 2018 contra o sarampo, que deve ser igual ou maior que 95%.
Até o início da década de 1990, o sarampo era a segunda causa de mortalidade infantil no mundo, e matava cerca de 2,5 milhões de crianças no mundo. Segundo a virologista Marilda Siqueira, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, a expansão da cobertura de vacinação provocou uma mudança no panorama daquela época.
As causas por trás desse retrocesso estão falhas nos serviços, viagens internacionais e maior volume de migrações. Principalmente da Venezuela, que vive surtos da doença desde 2017. Além disso, menos pais e mães estão levando seus filhos para serem vacinados.
“Não podemos desconsiderar o efeito dos movimentos e dos ativistas contra as vacinas que, a partir da ampliação da abrangência da internet, ganharam mais espaço e então também contribuem para essas quedas das coberturas vacinais”, disse o médico epidemiologista Expedito Luna, professor do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMTSP), da USP, em entrevista ao jornal da universidade.
Características da doença
O sarampo é uma doença viral, infecciosa aguda, transmissível e extremamente contagiosa. Os sintomas são febre e manchas vermelhas acompanhadas de um ou mais dos seguintes sintomas: tosse, coriza, conjuntivite.
Segundo Karina Catique, pediatra da operadora de saúde Hapvida, assim que apresentar estes sintomas, o paciente deve procurar um pronto atendimento para realizar um exame para o diagnóstico. Isso é necessário pois o vírus do Sarampo é altamente contagioso – ele é transmitido através do contato com gotículas do nariz, da boca ou da garganta da pessoa infectada, quando ela tosse, espirra e respira. Estima-se que 90% das pessoas sem imunidade que compartilham espaços com pessoas contaminadas contraem a doença.
Quando a doença aparece, ela passa por três fases:
1- Fase Prodrômica ou Pródromo
Refere-se ao período de tempo entre os primeiros sintomas da doença e o início dos sinais ou sintomas com base no diagnóstico. Nela, o paciente terá os sintomas iniciais da doença. Dura cerca de 2 a 3 dias.
2- Fase Exantemática
Ocorre piora dos sintomas nesta fase, podendo ocorrer as seguintes complicações: Erupções cutâneas que aparecem primeiro na cabeça e “descem” com o tempo para os pés e desaparecem em 7 a 10 dias, além de secreções aumentadas nas vias respiratórias superiores, elevada produção de muco nos pulmões, voz rouca e faringe e boca inflamadas.
3- Fase descamativa
Nesta fase as manchas escurecem, provocando uma descamação fina. Contudo, a febre e a tosse diminuem sensivelmente. Entre os principais sinais estão: conjuntivite intensa, pneumonia, infecção no ouvido, diarreia, encefalite.
A prevenção do Sarampo é feita através da vacina que é a forma mais eficaz de se prevenir contra o sarampo. Toda pessoa de 1 a 49 anos, inclusive quem já teve a doença, deve se vacinar nos postos de saúde da rede pública ou em clínicas particulares.
A vacina tem eficácia em 97% dos casos. No caso de mulheres que já tiveram sarampo, elas pode transmitir anticorpos contra a doença pela placenta para seus bebês, o que faz com que eles fiquem imunes em seu primeiro ano de vida.
A importância da vacinação existe justamente porque não há tratamento específico para a doença. Segundo a pediatra Karina Catique, o que existe é o tratamento para diminuir os sintomas, como a febre e a tosse. “Quando o médico indica algum antibiótico, ele servirá para combater alguma possível complicação”, diz.
Fontes: Agência Brasil, Jornal da USP e Hapvida